quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O apocalipse desvendado



Uma tarefa das mais difíceis é tecer comentário sobre um livro, principalmente, quando é necessária uma vigilância para que a amizade com o autor não venha influenciar naquilo que está sendo analisado. Fui professor de História, aprendi a analisar fatos históricos, por conseguinte, não tenho pretensões de esboçar aqui uma crítica literária, e sim um singelo comentário sobre o Livro O APOCALÍPSE DESVENDADO do escritor Ortian Motta, Editado pela Kelps, Goiânia, 2009.


“O prazer engravida, mas é sofrimento que faz parir” diz o poeta Willian Blake. O homem é o único animal do reino com capacidade de estabelecer relações em si mesmo, nos demais, a relação é estabelecida de maneira quase mecânica com a Lei que estabelece e mantém a harmonia do universo, Deus.

É nesta linha que Ortian Motta, faz de O APOCALIPSE DESVENDADO um testemunho. Criado em uma família evangélica, aos 16 anos distanciou-se de sua formação cristã. Carros, motos, mulheres, bebidas o “engravidaram”. A Síndrome do Pânico trouxe o “sofrimento” até que um acidente que quase lhe custou a vida o fez renascer à orientação familiar.

“Além da ruptura causada no relacionamento com Deus e no relacionamento com o próximo, os homens deste mundo são pessoas que não amam se quer a si mesmas, que entram em conflito consigo mesmas, pois, se realmente amassem a si, amariam a Deus e ao próximo. Ao se deixar levar pelo pecado, os homens do presente século passam a “andar segundo a carne” (Rm 8,I), ou seja, fazem apenas o que lhes manda a natureza pecaminosa (pois isto é que é a carne), natureza pecaminosa que tem como único fim levar o ser humano para a auto destruição.”

Sua formação de economista e estudioso da escatologia contextualizou o mundo globalizado no Apocalipse, onde algumas advertências citadas, como Ap. 2.14: [...] por que tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante os filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e se prostituíssem. “-podem ser entendidas como a contaminação da grande Babilônia, que reina sobre todos os povos da terra, que tudo que se vende neste mundo tem sua prostituição. Como exemplos, temos as Tvs, revistas e outros veículos de comunicação, que levam para dentro de nossas casas uma contaminação sem precedentes na história da humanidade. Balaão ensinava que se colocassem as dançarinas com músicas, bebidas, comidas e idolatrias, conseguiriam perverter os caminhos dos filhos de Israel. Ora, isto é somente o que ensinam hoje: sexo, droga  e rock in rol, samba e cachaça. Estes apelos são a tona de toda publicidade, e o que mais a sociedade aprendeu a vender e a população a comprar [...] Pela sua formação profissional imagino o preço que pagou por essa interpretação.

Dois vetores são utilizados para a interpretação do Apocalipse pelo autor: a análise do tempo para desvendar os mistérios escatológicos e a análise da ciência como “a principal adversária da fé e que se imporá cada vez mais no tempo”.

O APOCALIPSE DESVENDADO é uma obra de leitura de um fôlego só. Abrange um tema que aguça: Como e quando será o fim?


Luiz Humberto Carrião

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